A visão estética feminina em Cruz e Sousa

Educação

A visão estética feminina em Cruz e Sousa, Cruz e Sousa, simbolismo, poemas, soneto, mulher.

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1 INTRODUÇÃO

Cruz e Sousa é o autor das obras marco do Simbolismo no Brasil, em 1893: Missal e Broquéis, o primeiro tido como poesia em prosa, e o segundo de poemas (TEIXEIRA, Ivan. In: SOUSA, 2001, Introdução). Neste breve ensaio, analisaremos o modo estético[1] como o poeta concebe a mulher no soneto abaixo. Cremos que, para ele, a mulher é um ser divino, que triunfa da matéria, bela, mas “mortal e dolorosa”, por não provir desta, mas das “Estrelas”, ou seja, das regiões celestes, espirituais (CHEVALIER, 2006, p. 404).

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DEUSA SERENA (SOUSA, 2001, p. 168)

Espiritualizante formosura
Gerada nas Estrelas impassíveis,
Deusa de formas bíblicas, flexíveis,
Dos eflúvios da graça e da ternura.

Açucena dos vales da Escritura,
Da alvura das magnólias marcescíveis,
Branca Via-Láctea das indefiníveis
Brancuras, fonte da imortal brancura.

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Não veio, é certo, dos pauis da terra
Tanta beleza que o teu corpo encerra,
Tanta luz de luar e paz saudosa...

Vem das constelações, do Azul do Oriente,
Para triunfar maravilhosamente
Da beleza mortal e dolorosa!

2 DESENVOLVIMENTO

O soneto, em análise, é muito rico em metáforas, como “Formosura”: mulher; “Estrelas”: regiões celestiais, símbolo do conflito entre as forças espirituais (ou de luz) e as forças materiais (ou das trevas) (CHEVALIER, 2006, p. 404), “Deusa”: “fig. indivíduo superior aos demais (...), o que é objeto ou alvo dos maiores desejos (Houaiss). Outras metáforas são usadas expressivamente, como “açucenas”, em que animiza as plantas ornamentais provindas da Ásia, “de flores brancas e aromáticas (...)” (LAROUSSE, 2001); Azul do Oriente: a cor mais “profunda”, mais “imaterial” e “pura”, “caminho do infinito”, “da felicidade” (CHEVALIER, 2006, p. 107).

As rimas são finais, interpoladas e emparelhadas, nos dois quartetos (ABBA/ABBA) e emparelhadas e interpoladas nos dois tercetos (CCD – CCD). Quanto à sua qualidade, as rimas são pobres em “Formosura / ternura”; “Escritura/brancura: substantivos finais das duas primeiras estrofe e “impassíveis/flexíveis”, “marcescíveis/indefiníveis”: adjetivos. Já os tercetos apresentam rimas ricas, concluindo, ora com substantivo, verbo e adjetivo: “terra/encerra/saudosa”; ora com substantivo, advérbio e adjetivo: “oriente/maravilhosamente/dolorosa. Os versos, em sua maioria são heróicos (6ª e 10ª sílabas tônicas), excetuados os dois últimos da segunda estrofe, os dois primeiros da terceira, que são denominados sáficos (4ª, 8ª e 10ª) e, por fim, o segundo verso da última estrofe é também heróico (4ª e 10ª) (MELLO, 2001, p. 39, 45 e 85 - 89).

Segundo Telis (2007), “(...) no poema de Murilo Mendes “Os três círculos” (1994), “(...) a mulher, assim como a Igreja, não consegue dizer ao poeta o que o Cristo diz. Mesmo assim, ao menos a mulher é parte presente do seu culto (...)”. Entretanto, curiosamente, no último verso desse poeta, ele compara-a ao “demônio”, que nunca lhe falta. De fato, corrobora essa nossa visão Maleval (2007), em seu ensaio sobre as “Representações diabólicas da mulher em textos medievais”. Cruz e Sousa, todavia, trata a mulher, em seu soneto como a própria divindade, um ser muito superior à simples estética corporal. 

3 CONCLUSÃO

Neste breve ensaio, procuramos ser o mais sintético possível, Nosso objetivo, porém foi o de, após analisar rapidamente os aspectos isotópicos, semânticos e de vocabulário, presentes no poema, apresentar o que se nos expôs à visão o belo soneto cruz-e-sousiano. Tão bela como a forma física, ou mesmo superior a esta é a alma feminina, que homenageamos com este ensaio.

Em Missal, poemas em prosa, em apoio à nossa hipótese, o poeta expõe sua concepção artística sobre as mulheres quando afirma: “Só a psicologia desse ser, que é o artista, saberá ver fundo o delicado ser das mulheres (...)” (SOUSA, 2001, p. 97). 

REFERÊNCIAS

CHEVALIER, Jean et al. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 20. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LAROUSSE: Dicionário da Língua Portuguesa: Paris: Larousse/ São Paulo: Ática, 2001.

MALEVAL, Maria do Amparo Tavares. Disponível em: . Acesso em 26 jun. 2007.

MELLO, José Geraldo Pires. Teoria do ritmo poético. 2. ed. São Paulo: Rideel/Brasília, UniCEUB, 2001.

MENDES, Murilo Monteiro. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

SOUSA, Cruz e. Missal e broquéis. Introd., org. e fixação de textos de Ivan Teixeira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001 (Coleção poetas do Brasil).

TELIS, Regis Francis. Surrealismo em Murilo Mendes. Disponível em . Acesso em 28 jun. 2007.

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[1] Estética, s. f.: parte da filosofia voltada para a reflexão a respeito da beleza sensível e do fenômeno artístico (...) sentimento de beleza ou sublimidade. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.


Publicado por: Jorge Leite de Oliveira

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